«A amizade é a união dos espíritos afins, é um sorriso constante, uma mão sempre aberta, um olhar de compreensão, um apoio seguro, uma fidelidade que não falha, é alegria e esperança. É dar mais do que receber, é generosidade e autenticidade. É um tesouro que vale a pena procurar e, uma vez encontrado, manter para toda a vida como antecipação do reencontro das almas gémeas e como sombra favorita do eterno. Que o melhor de ti seja para o teu amigo.»
(Delia Steinberg Guzmán, Para Conocerse Mejor)
É com estas palavras bonitas que a escritora e filósofa Delia Guzmán fala sobre a amizade. Resolvi falar sobre este assunto porque hoje em dia o conceito de «amigo» é muito mal interpretado. Nos dias que correm chama-se amigo ao vizinho, ao colega do trabalho, ao companheiro nas saídas nocturnas... Mas serão realmente amigos? Não será isso antes um «amiguismo»?
Diz Cícero: «Meu amigo é outro eu. Quando procuro um amigo, é para misturar a minha alma com a sua e das duas fazer uma só.» Será que é isto que a maioria das pessoas tem em mente quando pronuncia a palavra «amigo»? Não me parece. Nos dias de hoje a amizade nasce das necessidades que o ser humano possui. Quando é preciso «safar» uma multa telefono a um «amigo» polícia, quando é necessário companhia para os «copos» falo com outro «amigo» e assim se vai utilizando a Amizade consoante os interesses que se tem. A verdadeira Amizade é muito mais profunda, nasce da alma e é, como refere a escritora Carmen Morales num belíssimo artigo na revista Nova Acrópole, «aquela que não conhece o tempo nem a distância, que não se importa com as idades, com o status nem com as conveniências, que só sabe dar porque não espera nada em troca.»
O verdadeiro amigo é aquele que expande o seu Sol interior e procura banhar a outra alma para que ela possa ter um sítio onde se aquecer quando necessitar; é um muro que não permite a passagem das águas nefastas que a vida por vezes tem, salvaguardando o amigo nos seus momentos mais frágeis; é aquele que cultiva, no seu interior, as sementes da harmonia, da alegria, da temperança e do Amor e as rega, cuidadosamente, para que brotem e cresçam de modo a poder oferecer as flores resultantes à pessoa amiga.
Por isso a folha solta de hoje dedico a todas as pessoas que marcaram e marcam a sua presença na minha vida, oferecendo a Luz da sua Amizade e permitindo que eu possa oferecer o melhor de mim a elas. A todos vocês um abraço com todo o carinho.
2 comentários:
É este o tipo de amizade que todos deveriam cultivar. É uma perspectiva pouco em moda, mas provavelmente a mais humana. Venham daí mais folhas!
Concordo completamente com a tua definição de amizade. A verdadeira amizade é aquela que é feita com concórdia, ou seja, coração com coração.
Mas também é verdade que os tempos em que vivemos são maus, e que nos tentam arrastar para o facilitismo, inclusivé nas amizades. É preciso ter força interior para não nos deixarmos levar pela corrente do materialismo, neste caso, espiritual.
Como dizia alguém querido de todos nós "existem tempos para semear, e tempos para colher." A nós, sem duvida, que nos calhou viver num tempo de semear; o que é bom diga-se...
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